Uma cidade eletrizante

Las Vegas é eletrizante. Literalmente. Nunca havia estado num lugar onde não se pode encostar em nada, nem na pessoa ao seu lado, sem correr risco de levar um choque. A explicação para um leigo é simples: tamanha a quantidade de luminosos, etc, faz a cidade ficar eletrizada. Não sei se há alguma relação entre um fato e outro; o fato é que apenas algumas horas em Las Vegas foram suficientes para eu e o grupo que me acompanhava percebermos que apertar o botão do elevador, encostar em alguém acidentalmente numa caminhada ou dar um beijo podia significar... um choque. É muito curioso e inevitável: leva-se choque a todo momento.
Apesar disso (e isto é apenas um detalhe), Las Vegas é uma daquelas cidades inesquecíveis. Uma jóia no meio do deserto. Não tem nenhum grande museu, não tem nenhum monumento histórico, nada disso. Não é para isso, porém, que se vai a Las Vegas. Lá é a cidade do jogo, dos cassinos, dos grandes shows. Não é só isso. Vale a pena caminhar pela cidade e conhecer suas peculiaridades.
Principal atração de Las Vegas, os cassinos valem a viagem por si só: mais que um lugar, são uma sensação. Hospédesse em um e conheça todos os outros. Você verá senhoras endinheiradas chegando solitárias em seus carrões, caubóis de chapéu em carros não menos vistosos, jovens e senhoras andando de patins e biquínis para atender as pessoas nas salas de jogos, crupiês compenetrados, tentando derrotá-lo...

PS: ah, de preferência vá a Las Vegas de carro. Cruzar o deserto de Nevada, passar por cidadezinhas que parecem fantasmas é um show e parte. E, obviamente, não deixe de fazer suas apostas. Quem sabe, com um pouco de sorte, você não vira o milionário da noite?

Obs: a foto que ilustra esta postagem foi retirada do site
www.uol.com.br

Aos pés da Torre Eiffel

Ao postar este vídeo, lembrei-me de uma música conhecida no Brasil. Diz assim: "É bom passar uma tarde em Itapuã...". Pois deve ser mesmo bom passar uma tarde em Itapuã, assim como é bom passar uma tarde em Paris, andando errante, olhando famílias de todo o mundo se divertindo aos pés da Torre Eiffel. Ah, aos pés da Torre Eiffel...

PS: este vídeo foi feito apenas como teste. Nas próximas viagens, prometo vídeos melhores.

Um lugar chamado Notting Hill

She
May be the face I can't forget.
A trace of pleasure or regret
May be my treasure or the price I have to pay.
She may be the song that summer sings.
May be the chill that autumn brings.
May be a hundred different things
Within the measure of a day


Londres é encantadora. Como toda grande cidade, a capital da Inglaterra é uma mistura de um monte de pequenas "cidades". E uma dessas "cidades" eu sonhava conhecer. Quando um amigo e eu iniciamos um roteiro de viagem, eu sempre fazia referência ao lugar - que geralmente ficava em segundo plano, mas nunca era esquecido. Não sabia - como até agora não sei - porque exatamente queria ir até lá. Obviamente que a origem disso tudo é o cinema - não fosse assim talvez sequer conhecesse um lugar chamado Notting Hill.

She
May be the beauty or the beast.
May be the famine or the feast.
May turn each day into a heaven or a hell.
She may be the mirror of my dreams.
A smile reflected in a stream
She may not be what she may seem
Inside her shell


Notting Hill não é propriamente belo. Para quem assistiu ao filme, é exatamente o que se vê. Chega a ser um pouco cansativo tamanha a quantidade de pessoas se espremendo nas ruas. É um lugar onde há muitos imigrantes. Ainda assim, entrar numa espécie de cantina, pequenina, apertada, pedir uma pizza, comê-la em pé pela falta de espaço, é algo que só um turista de coração aberto pode apreciar.

She
who always seems so happy in a crowd.
Whose eyes can be so private and so proud
No one's allowed to see them when they cry.
She may be the love that cannot hope to last
May come to me from shadows of the past.
That I'll remember till the day I die

É, Notting Hill não é propriamente belo, mas tem um charme curioso. É até um tanto frenético numa cidade certinha (o que não significa dizer monótona, chata). O bairro tem lojinhas velhas e sujas, muitas daquelas que lembram nossas lojas de R$ 1,99, mas também tem espaços novos, interessantes. Foi uma pena não poder apreciar com mais tempo e mais calma as vitrines - tanto pela quantidade de pessoas como por uma chuva que fez questão de cair naquele momento.

She
May be the reason I survive
The why and wherefore I'm alive
The one I'll care for through the rough and ready years
Me I'll take her laughter and her tears
And make them all my souvenirs
For where she goes I've got to be
The meaning of my life is

Impossível foi andar por Notting Hill sem ficar cantarolando na mente a música principal do filme - que, por sinal, é encantadora. A música até que não combina muito com o aspecto do bairro, ainda que se encaixe no clima do lugar (se você se dispuser a mergulhar nesse clima). Não sei bem a razão, o fato é que gostei de lá. Na próxima parada em Londres, vou fazer questão de comer uma pizza num lugar apertado, tomar um café num lugar aquecido, olhar as lojinhas velhas e sujas com mais calma, enfim, passear por um lugar chamado Notting Hill...

She, she, she!

Os templos da arte moderna

Começou esta semana no Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo a exposição "Marcel Duchamp: Uma Obra que Não É uma Obra 'de Arte'". É a primeira vez que uma mostra dessa magnitude desse artista vem para a América Latina. São 120 peças, entre originais e réplicas. A exposição comemora os 60 anos do MAM.
Havia recentemente uma exposição de Duchamp na Tate Modern, em Londres. Era uma das mostras temporárias dentro do museu - o que significa dizer que pagava-se à parte por ela. Duchamp é um ícone do movimento que representa. O que numa época se considera arte moderna ou contemporânea, via de regra teve raiz numa tentativa de romper paradigmas, na ruptura. E toda ruptura é dolorosa. Com Duchamp não foi diferente. O artista enfrentou resistência - e o tempo encarregou de dar-lhe um lugar devido na história.
Mas não é exatamente sobre Duchamp que quero falar. A exposição em São Paulo apenas me remeteu ao prazer de visitar museus de arte moderna. São meus favoritos. Antes que alguém não compreenda (porque o ser humano é excludente, movido a binômios, sim ou não, preto ou branco, certo ou errado...), afirmar que gosto mais de museus de arte moderna não significa dizer que não goste de todos os demais. É impossível não se encantar pelo Louvre, pelo Museu do Imigrante, da Língua Portuguesa, de História Natural, enfim...
Os museus de arte moderna, porém, são divertidos. Coloridos, chocantes, desafiadores, malucos (sim, é preciso ter uma boa dose de loucura para imaginar - e entender - muitas das obras). Gosto de brincar entre as peças, colocar-me no meio delas, fazer fotos. Como são divertidos os museus de arte moderna!
Portanto, tendo a oportunidade, não deixe de ir ao MoMA, em Nova York; à Tate, em Londres, ao Centro George Pompidou, em Paris; ao MAM, em São Paulo. Você poderá até estranhar, mas não há como ficar indiferente.

PS: foi na Tate, em Londres, que vi a presença mais direta do Brasil em grandes museus internacionais de arte. Havia duas salas de artistas brasileiros. O mais conhecido deles é Hélio Oiticica (1937-80), pintor, escultor e artista plástico carioca (é dele a peça que ilustra esta postagem). Para mais informações, clique aqui.

Protestos pelo mundo

Não pretendia escrever outra postagem tão logo (costumo aguardar alguns dias para acrescentar novas postagens na esperança de que alguém deixe um comentário). No entanto, um fato se impôs ao meu planejamento. O resgate da franco-colombiana Ingrid Betancourt, que estava sob poder das Farc desde 2002, fez-me lembrar de algo que tem me acompanhado nas viagens: os protestos.
Em todas as minhas últimas viagens sempre me deparei com protestos. Em Hamburgo, na Alemanha, um grupo protestava em favor de imigrantes ilegais capturados na Espanha e devolvidos à África em condições degradantes. Em Nova York e Washington, manifestações contra a Guerra do Iraque ("Stop the War!") e uma mobilização a favor da guerra (na qual entramos, dois amigos e eu, por mera diversão e ignorância).
Em Lisboa, os protestos estavam nos muros. "Todo poder aos putos!", dizia uma pichação. Em Madrid, deparei-me com um protesto em favor dos "minusválidos" (os portadores de deficiência). Uma ampla manifestação em frente à sede da Comunidad de Madrid, na Puerta del Sol. Um amigo que lá morou por um ano e meio já havia me alertado: "aqui tem protesto todo dia". E uma espanhola que engatou uma conversa confirmou: "protestamos todos os dias, contra tudo".
E bastou pisar em Paris para me ver dentro de uma passeata estudantil quando me dirigia ao hotel. E não parou aí. Numa tarde, uma multidão em frente à Prefeitura de Paris chamou a atenção. Era apenas uma formatura de oficiais. Num canto, porém, flagrei um painel com uma foto de Ingrid e a contagem dos dias de duração de seu seqüestro. Contagem que agora, felizmente, chegou ao fim.

PS: Curiosamente, no mesmo dia da libertação de Ingrid, havia separado a foto desse painel em Paris relativo a ela. Coincidência...

Aeroportos, rostos e destinos

Todos os dias é um vai e vem

a vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar

E assim chegar e partir
São só dois lados
da mesma viagem
O trem que chega
é o mesmo trem da partida
A hora do encontro
é também despedida...
(Encontros e despedidas, de Milton Nascimento e Fernando Brant)

Tenho apreço por aeroportos. Mais que isso, atração mesmo! Isso está ligado ao meu espírito – como bom sagitariano, aventureiro e livre. Chama-me a atenção aquela movimentação de pessoas indo e vindo, aqueles rostos na expectativa da viagem dos sonhos, do primeiro vôo, de apenas mais um vôo, rostos felizes, rostos cansados.
Na verdade, o que me atrai é imaginar as histórias que cada rosto esconde. É incrível imaginar que todos ali, juntos naquele instante, estarão daqui a pouco em lados quem sabe até opostos, como na Inglaterra e na África do Sul. Cada rosto tem um destino, cada destino tem uma história – e é nisso que penso sempre que estou num aeroporto aguardando aquelas horas intermináveis até o embarque. Para onde irá aquele jovem? O que fará aquele casal em Frankfurt? “Última chamada para o vôo TP 1845 com destino a ‘Geneve’”, diz o sistema de som. “Geneve!” Um dia irei para “Geneve”, penso.
Sim, os aeroportos são locais encantadores. Conseguem unir pessoas de todos os cantos do mundo (ora, se a Terra é redonda, quem inventou esse negócio de cantos?). Há vôos partindo para Manaus, Curitiba, Nova York, Tóquio, Lisboa e Frankfurt. A cada minuto, uma decolagem, vidas subindo rumo aos seus destinos. A cada minuto, uma aterrissagem, vidas chegando em seus destinos. Vidas indo, vidas vindo, aeroportos... E pensar que daqui a pouco eu estarei em Paris...

PS: qualquer hora escreverei sobre alguns aeroportos específicos.

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