Nas minhas viagens mundo afora, tive a oportunidade de
conhecer três dos parques mais recentes. Munique 1972, Montreal 1976 e Atlanta 1996.
Sem dúvida, o de Atlanta é o mais integrado à cidade; o de Munique o mais
verde; e o de Montreal o menos preservado (embora possua boas estruturas
esportivas, como um ginásio e um estádio, e uma extensa área verde). Em Munique
e Montreal, os parques ficam um pouco mais afastados da área central; já em
Atlanta, é o coração da cidade, ao redor do qual se situam as principais
atrações turísticas.
Quando fui ao parque olímpico de Munique, era o final de uma
tarde cinzenta. Havia várias pessoas no local, mas nada comparado à festa que
vi em Atlanta no último dia 4 de abril, uma quarta-feira. O local foi ocupado
por milhares de pessoas, centenas de famílias que faziam piquenique. Crianças e
jovens se refrescavam na fonte sobre os anéis olímpicos e muitos curtiam shows
que aconteciam no local. Confesso que não sei se a festa era rotineira ou se
estava assistindo a algum evento especial - nas vezes anteriores em que cruzei
o parque, a frequência de pessoas era bem baixa.
O parque olímpico de Atlanta é bonito e preservado (há uma
distância de pelo menos 20 anos entre ele e os demais que conheci). Mistura
natureza e arquitetura com harmonia e perfeição. Possui estruturas de lazer e
monumentos para louvar o chamado espírito olímpico, os países que participaram
dos jogos e os atletas que conquistaram medalhas. Ao lado ficam o ginásio (Philips
Arena) e o estádio (Georgia Dome) usados nas competições – hoje sedes do time
de basquete Atlanta Hawks e do time de futebol americano Atlanta Falcons (e não
só deles, registre-se). Há estações de metrô que saem praticamente dentro das
duas praças esportivas.
Em Munique, o grande destaque é, sem dúvida, o verde.
Moradores e turistas vão ao local para descansar em meio à natureza – muito bem
cuidada, aliás. Há, naturalmente, estruturas esportivas, como as piscinas
olímpicas que hoje são usadas pela população, mas é mesmo o contato com o meio
ambiente que chama a atenção. No lago, barquinhos, patos, cisnes e gansos
dividem espaço com a comunidade.
Perto dos apartamentos que formavam a vila olímpica, um
pequeno monumento em concreto lembra um fato que entrou para a história do
esporte mundial: o ataque de terroristas palestinos à delegação de Israel. O
episódio - retratado no cinema (“Munique”, lançado em 1995, com direção de
Steven Spielberg) – resultou na morte de 17 pessoas, sendo 11 membros da
delegação israelense (seis técnicos e cinco atletas), um policial alemão e
cinco membros do grupo Setembro Negro, que assumiu a autoria do atentado.
Confesso que emoções estranhas vieram à tona ao me deparar
com esse pedaço lamentável da história olímpica, que completa 40 anos em 2012
(aliás, Israel solicitou recentemente ao Comitê Olímpico Internacional que uma
homenagem aos mortos naquele episódio seja feita durante as Olimpíadas de
Londres, que começam em julho). Uma sensação de pertencer à história e, ao
mesmo tempo, de repulsa e tristeza tomou-me o espírito.
Visitei o parque de Montreal numa manhã nublada e fria de
domingo. O local estava vazio, com exceção de alguns funcionários que
trabalhavam na desmontagem da estrutura de um evento ocorrido um dia antes e de
uma exposição de flores que acontecia por ali. A área propriamente está longe
de ser agradável como as de Atlanta e Munique. Tem-se uma estrutura basicamente
em concreto, com uma redoma – o Biodome, onde funciona uma espécie de museu da
ecologia e um “insectarium” - e as estruturas esportivas próximas (o estádio
olímpico, piscinas cobertas e um ginásio).
No local, ainda tremulam as bandeiras dos países que
participaram dos jogos.
Ao lado existe uma extensa área verde (bem maior que as de
Atlanta e Munique, mas não tão integrada ao parque como nas demais), onde
funciona o jardim botânico de Montreal, o segundo maior do mundo em extensão.
Confesso que o clima frio e chuvoso daquele domingo desestimulou
a visita às instalações do parque e também ao jardim próximo, que devem ser
interessantes. Seja como for, espero que o parque seja mais utilizado pela
população do que na ocasião em que o conheci. Eu, pelo jeito, terei que voltar
a Montreal...
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